É quase impossível que nunca tenha ouvido falar de “isolamento” ou “eficiência energética”. Sim, esses são tópicos reais, actuais e relevantes também no sector da construção.
Pode-se perguntar: como surgiu este tema, esta necessidade? Ou, como tem vindo a ganhar importância nas últimas décadas? Qual é o real motivo para tal?
As pessoas durante séculos construíam as suas casas de forma muito semelhante. Variando, naturalmente, a arquitectura e os materiais, em função do clima e dos recursos existentes no local.
Então por que somos tão “radicais” e pretendemos isolar tudo?
Bom, uma coisa é certa, as pessoas têm as mesmas necessidades fisiológicas. A verdade é que ao longo do tempo tornamo-nos um pouco mais exigentes; as nossas exigências de conforto ficaram mais altas. Mas em geral sempre precisámos de roupa para proteger o nosso corpo. Roupas diferentes, para climas diferentes, sempre fizeram parte da vida humana. De forma similar, sempre utilizamos abrigos ou (se quiserem) casas com o objectivo de nos proteger de todos os impactos externos.
Então, será que estamos a dizer que o isolamento é algo que faz parte da evolução humana?
Penso que sim. Todos os animais têm o instinto de se proteger, os humanos não são excepção. Precisam de isolar o seu corpo, de usar a envolvente correcta para seu “abrigo”, de se protegerem.
Construindo através do passado
Através dos séculos os métodos de protecção permaneceram quase os mesmos. Casas enterradas no chão, ou bem acima da água, localização apropriada, orientação solar … coberturas verdes, paredes de madeira, tijolos maciços, palha e lama…. Durante algum tempo foram utilizados materiais e produtos industriais, e de alguma forma, esquecemo-nos de verificar as suas propriedades isolantes… O final do século XIX e início do século XX trouxe uma verdadeira revolução na construção. A estabilidade estrutural e a segurança mecânica estavam no foco da construção da nova geração. No entanto, novos materiais, com propriedades diferentes das tradicionais, alteraram a vivência dentro dos edifícios. Para garantir o conforto, foi necessário trazer mais energia para dentro das nossas casas. Tivemos que desenvolver diferentes sistemas para permitir condições aceitáveis dentro dos edifícios (para aquecer, arrefecer, cozinhar etc.). O problema é que não pensámos sobre qual a fonte de energia e como chegava até nós, demos como garantido este novo paradigma.No entanto, a Humanidade começou a enfrentar crises de energia e tudo começou a mudar. Como sempre, os problemas trouxeram perguntas. Começamos a pensar sobre as fontes de energia, sobre o nosso planeta, e sobre como possibilitar uma vida e construção sustentáveis para o futuro. A evolução constante e desenfreada foi posta em causa e foi necessário redefinir o conceito. Se analisarmos como as gerações anteriores viviam percebemos os erros que cometeram, e enquanto sociedade temos que aprender com eles.
Necessidade de isolamento
Mesmo olhando de forma muito simples e superficial, podemos notar a diferença entre os materiais de construção tradicionais e antigos, como madeira, argila e pedra, e blocos industriais feitos cimento, betão e ferro. Devido a óptimas propriedades mecânicas dos novos materiais a espessura da envolvente dos edifícios foi diminuindo… Estes novos tipos de materiais e a redução das espessuras entretanto utilizadas nas construções trouxeram perdas de desempenho significativas à envolvente, nomeadamente, isolamento.
A construção estava a ficar mais desconfortável, as paredes e coberturas já não protegiam do frio, do calor e das humidades. Quando percebemos isso, foi necessário procurar e encontrar uma solução para trazer de volta, e melhorar, a propriedade de isolamento perdida nos nossos edifícios.
Conseguimos melhorar algumas propriedades de alguns materiais de construção, mas tal não foi suficiente para atender ao nível de protecção agora solicitado. Desta forma, desenvolver uma camada de isolamento térmico, composta de materiais isolantes de elevado desempenho e projectados para trabalhar em conjunto com outros produtos de construção, tornou-se uma necessidade e posteriormente uma realidade.
Escolhendo o isolamento
Hoje designamos o grupo de produtos com as melhores propriedades térmicas de, isolamento térmico, e é utilizado em todos os edifícios. Materiais como lã de rocha e vidro, XPS, EPS, cortiça, poliuretano, etc. Esses produtos, além de boas propriedades térmicas, possuem muitas outras características diferenciadoras, como resistência mecânica, resistência à água ou ao fogo. Isso significa que eles não se comportam da mesma maneira numa construção, depende da sua posição na envolvente do edifício. Por exemplo, em alguns locais pode haver cargas elevadas, noutras a água pode estar presente de forma considerável, como numa cave ou em certas coberturas. Outras zonas necessitam de ser isoladas também do ponto de vista acústico ou do ponto de vista do fogo…
Destas necessidades deve surgir um produto de isolamento correto, cuidadosamente escolhido para o local da construção. É muito importante a escolha do produto certo for forma garantir que este desempenha as suas funções de forma correcta e optimizada. Apenas dessa forma é possível evitar custos desnecessários, quer na fase de construção, quer durante a exploração. E esta é uma responsabilidade dos profissionais (arquitectos, engenheiros…) que estão a projectar, a construir ou a reabilitar a sua casa.