Há um provérbio português que também se aplica à construção; “Colhemos aquilo que semeamos”. Esta é uma verdade absoluta, ainda mais quando se trata de fundações que suportam as cargas de todo o edifício. As fundações só podem ser construídas uma vez.

Uma avaliação correcta do tipo de fundação mais apropriada e a sua correcta construção é portanto crucial, pois possíveis erros não podem ser corrigidos mais tarde.
Decidir o tipo de fundação é, por isso, uma das mais importantes decisões no planeamento e construção de um edifício. Esta não deve ser construída sem haver planos de implementação adequados e uma análise rigorosa do solo de fundação, pois podemos estar a comprometer a durabilidade do edifício e deteriorar o nível de conforto interior. Antes de mais, é necessário garantir que a fundação resiste a todas as solicitações físicas e ambientais que actuam no edifício. Em contacto directo com o solo vários desafios relacionados com a adequada execução da fundação têm que ser equacionados.

Calor

Sendo um isolante, o solo por baixo do edifício mantém, ao longo do ano, aproximadamente, a mesma temperatura. Como esse nível de temperatura é definitivamente inferior à temperatura óptima de conforto do edifício, o solo pode, se a fundação estiver desprotegida, actuar como um corpo frio. Ou seja, a temperatura do solo subterrâneo varia entre 12 e14º. Se o espaço habitacional está aquecido entre os 20-24º o solo frio absorve o calor através das paredes e gradualmente arrefece o espaço interior. Esta é uma das razões por constantemente ser necessário um aquecimento adicional no espaço interior.

Água e solo

O solo encharcado aumenta temporariamente o seu volume quando congela e pode mesmo elevar as fundações. Ao longo do tempo, podem desenvolver-se fissuras nas fundações e até ameaçar a estabilidade do edifício. Usualmente este fenómeno pode ver-se em edifícios antigos, especialmente se também tiverem sistemas de drenagem inadequados ou se a água do solo provocar um afundamento, levando eventualmente a um movimento do edifício ou de parte dele.

Protegendo o edifício da água e da humidade

O papel principal da impermeabilização é prevenir a penetração de água e humidade no edifício. Contudo, em fundações e edifícios com paredes enterradas que estão em contacto directo com o solo, e de forma pontual ou contínua em contacto com água subterrânea, podem estar em risco. Por isso, uma adequada impermeabilização é fundamental.

Impermeabilização de baixa qualidade ou mal aplicada pode ser rapidamente detectada na forma de humidade ascensional nas paredes do edifício vinda do solo.

Este fenómeno pode até criar fissuras na parede exterior e nos espaços interiores, o bolor pode começar a desenvolver-se como consequência da humidade.

Tem apenas uma oportunidade para construir as fundações do seu edifício. Assegure-se que não acabará por pagar uma má construção das fundações com um baixo conforto habitacional ao longo de toda a vida do edifício.

Um bom projecto e uma adequada execução das fundações do seu edifício são dos factores mais importantes para atingir um elevado nível de conforto. Para desempenhar as funções de sustentação dos edifícios as fundações devem preencher todos os requisitos necessários: Capacidade resistente, estabilidade, isolamento térmico, protecção contra a absorção de humidade e protecção contra os ciclos de gelo-degelo que podem afectar negativamente o solo onde o edifício está apoiado.

A crescente utilização de lajes de fundação deve-se também a esta lista de condições necessárias. Elas são fáceis de implementar, e ao contrário de outro tipo de fundações, a sua grande área pode ser isolada por baixo. Em simultâneo prevenimos perdas de energia e outros problemas frequentemente associados a fundações e protegemos melhor, por exemplo, os materiais de impermeabilização.

As fundações não são as únicas ameaçadas pela água

De acordo com o número de sismos e sua intensidade, Portugal é um país de risco elevado, nomeadamente em algumas zonas do centro e sul do país. Consequentemente, muita da nossa construção pode estar sujeita a cargas dinâmicas e este facto deve e tem que ser considerado do projecto e construção dos nossos edifícios e fundações.

Como teoricamente, a laje de fundação de um edifício pode tremer ou mesmo deslizar durante um sismo, as fundações têm que ser projectadas por formar a diminuir o impacto sísmico e em simultâneo prevenir o deslizamento.

O nosso objectivo principal – tendo em conta a legislação futura- é construir edifícios o mais energeticamente possível e, o único método testado de construção de fundações, simultaneamente resistente à água e ao impacto sísmico é a laje de fundação, composta por betão, isolamento térmico e impermeabilização. A laje é betonada sobre o já instalado isolamento térmico que funcionará como amortecedor.

Ao fazer isto, temos que garantir que o material de isolamento térmico usado como amortecedor sísmico das nossas fundações, possui uma excelente resistência à compressão e consequentemente capacidade de carga e que este uso é confirmado pelo fabricante. Como está em contacto directo como solo, o material de isolamento térmico tem que manter todas as propriedades ao longo da vida do edifício. Assim, qualquer isolamento sem uma adequada resistência à absorção de água e humidade, e com uma insuficiente capacidade de carga não é uma opção.

Apenas um isolamento que não absorve água e que resiste a uma elevada capacidade de carga pode ser utilizado por baixo das fundações. Por último é importante frisar que as fundações sustêm todo o edifício e que não podem ser alteradas ou corrigidas mais tarde.